Antonio Candido proclama, volta e meia, que não participa mais publicamente do mundo: não faz observações sobre política, nem lê obras contemporâneas, por exemplo. Quem perde, claro, é o mundo.
Nada mais escreve. "Só revejo prova de livro. É a
vida comum de um aposentado". Para não soar eufêmico, reforça o
autorretrato: "Sou um velho vadio".
Nada mais justo.
E na arte de reproduzir, não basta ter má fé.
Reproduzo hoje uma matéria excelente! De Claudio Leal para a Terra Magazine sobre o professor. Aliás, a quem eu devo, por obrigação moral, reservar um espaço maior aqui neste feudo. Em breve!
Terça, 30 de agosto de 2011, 08h16 Atualizada às 15h39
Antonio Candido: "Sou um ator cômico fracassado"
Claudio Leal
Emílio Moura: Nas ruas da Lapa
"Tinha relações cordiais com Drummond, mas nos víamos muito pouco. Só
convivemos intensamente nesse congresso de Belo Horizonte. E ficamos
camaradas. Tive boas relações com Manuel Bandeira, que era um homem
encantador, uma pessoa sui generis. Agora, o meu amigo mesmo era
Emílio Moura", confessa Antonio Candido. Em 2 de outubro de 1971,
escrevendo a Drummond, o crítico dividirá lembranças comoventes do amigo
em comum, morto no final de setembro daquele ano:
"Lembro dele falando a cada passo no Ca'los. Naquela saleta de
trabalho da Secretaria, à sombra do busto de João Alphonsus, onde eu ia
pegá-lo todas as tardes no fim do Expediente. Mas todas as manhãs ele ia
me tirar da cama no hotel, todos os anos entre 1948 e 1951, quando eu
frequentei Belo Horizonte. Contava histórias de vário tipo e ria muito
das próprias anedotas, aliás engraçadíssimas. Mas falava com seriedade
fervorosa dos palpites financeiros que dava aos primos de Dores e eles
deixaram de aproveitar, perdendo ótimas oportunidades de
enriquecimento...".
Quarenta anos após a morte de Emílio Moura, Antonio Candido consegue
narrar uma das histórias mais reveladoras da alma do amigo. No
lançamento das obras completas de Drummond e Manuel Bandeira, o editor
José Olympio convidou Candido para participar de um almoço no Jockey
Club do Rio de Janeiro. Sentou-se ao lado de Moura, o qual se dispôs a
pega-lo no Hotel Serrador, na manhã seguinte, e leva-lo até o aeroporto
(destino: São Paulo), pois viraria a noite em algum bar. Dia rompendo, o poeta subiu devagar pela Lapa, interrogativo como seus poemas.
"Parece que eu já estive aqui, curioso... Não me lembro de ter vindo
aqui, mas parece que já estive. Porque essas casas, esses jardins... Que
sensação estranha!", especulava, enquanto seguia ao encontro de Antonio
Candido.
Na chegada ao Hotel Serrador, a memória de andarilho destravou:
"Ah, já sei! Foi num livro de Machado de Assis!".
A história de uma máquina
(De uma carta a Manuel Bandeira, 6 de janeiro de 1955)
(De uma carta a Manuel Bandeira, 6 de janeiro de 1955)
"Não surpreende menos o cabedal trazido a cada acréscimo, onde o coração
do poeta surge sempre mais humano e mais depurado o seu instrumento.
Quando supúnhamos que não poderia ir além, vemo-lo superar a humanidade e
a pureza anteriormente reveladas", escreve Antonio Candido ao habitante
de Pasárgada, "um homem encantador". O post-scriptum vai expor, com
humor, um dos orgulhos do missivista:
"N.B. Esta máquina em que lhe escrevo é ilustre. Foi do Sérgio
(Buarque de Holanda), e nela se escreveram Raízes do Brasil, Cobra de
Vidro, Monções e outras coisas admiráveis. Herdei-a quando ele foi para a
Itália, abandonando-a por uma qualquer Olivetti pelintra e aerodinâmica".
"Sérgio Buarque tinha uma velha máquina Royal, daquelas quadradas,
grandes. Quando ele foi para a Itália (em 1953), com a família, comprou
uma máquina moderna, portátil, e ia jogar aquela fora. Era uma máquina
velha", descreve Antonio Candido. A história do presente inclui um
diálogo de admirador:
"Se você quiser, eu dou a Royal pra você", disse Sérgio.
"Foi a máquina onde você escreveu Raízes do Brasil?", Candido interpelou.
"Foi".
"Então, eu quero!".
"Mandei reformar, limpar e trocar o teclado, porque estava meio apagado.
Perfeita. Eu me servi desta máquina por muitos anos. Recebi no começo
dos anos 50 e usei durante mais de 30 anos. Eu a tinha em nossa casa de
Poços de Caldas. Morava um pouco em Minas, um pouco aqui. Em Poços de
Caldas, onde tinha uma biblioteca, eu escrevia", detalha o crítico.
Depois da morte de Sérgio Buarque de Holanda, em 1982, Candido doou a
máquina à Unicamp para ser incorporada à biblioteca do ensaísta. Fez um
aviso: "É a máquina em que ele escreveu Raízes do Brasil". E,
acrescente-se, de onde nasceram outras obras-primas da crítica
literária, no gabinete do segundo proprietário, numa casa mineira.
Uma dedicatória
De Vinicius de Moraes, num exemplar de "Ariana, a mulher":
"Para Antonio Candido, com a mão estendida para a amizade".
"Para Antonio Candido, com a mão estendida para a amizade".
"Lindo, né?" - emociona-se, ainda hoje.
"Política da toupeira"
"Tenho como princípio não me manifestar a respeito de nada. É uma
promessa que eu fiz aos meus 90 anos. Sair do mundo!", Antonio Candido
explica ao repórter, em janeiro de 2008, com uma voz apressada e
ligeiramente rascante. "Espero que o senhor chegue a essa idade, e verá
que chega um momento em que a gente sente muito vivamente que as coisas
que tinha a dizer, já disse. Hoje, só me pronuncio quando não tem outro
jeito".
O professor puxa da memória uma frase do crítico francês Sainte-Beuve
(1804-1869): "Devemos largar do mundo um pouco antes que o mundo nos
largue". "É uma medida de prudência", Candido justifica, e logo enuncia a
sua própria máxima, irônico: "Estou preferindo agora a política da
toupeira: entrar no buraco e ficar lá dentro".
Alô, Candido
"Tenho pavor de incomodá-lo", confidencia a escritora Lygia Fagundes
Telles, 88 anos, ex-mulher do ensaísta Paulo Emílio Salles Gomes, por
décadas um dos amigos principais de Antonio Candido. Quando tencionava
ligar para o crítico, a fim de um palmo de conversa, ouvia o brado de
Paulo Emílio:
"Não atormenta o Candido!"
Houvesse impulso, ignorava o apelo e cometia um telefonema:
"Você pode falar um pouquinho só?", iniciava, rangendo uma porta imaginária.
Na morte de Paulo Emílio, em 1977, Lygia fixou a imagem do choro de
Antonio Candido. "Ele tem uma força". Há meses, voltou a inflar a alma
de estudante de Direito cujo conto foi premiado pelo crítico, nos anos
40, e enviou um exemplar de "A disciplina do amor", relançado pela
Companhia das Letras. Um regalo silencioso, sem cobrar palavra - "Não
espero resposta, nem preciso". Às vezes, ao pegar o telefone, retorna
aquela voz: "Não atormenta o Candido!". Mas, indo adiante, ela engatilha
outra vez a doce introdução:
"Candido, você pode falar um pouquinho?"
Aquele Oswald
A homenagem a Oswald de Andrade, na 9ª Festa Literária Internacional de
Paraty (Flip), fez o poeta Lêdo Ivo lembrar-se que, nos anos 60, o
professor Antonio Candido lhe falara da dificuldade de convencer seus
alunos da Universidade de São Paulo a estudarem a obra de Manuel
Bandeira. Queriam Oswald. Agora, na Flip, Candido precisou devolver
àquela alma exacerbada a justa atribuição de generosidade e de ausência
de rancor.
Em 1954, no prefácio de "Um homem sem profissão", as memórias
oswaldianas, o crítico já o qualificara como um "gordo Quixote
procurando conformar a realidade ao sonho". Mas permaneceram as
restrições à personalidade, agravadas pela briga com Mário de Andrade. A
escritora Lygia Fagundes Telles preserva a lembrança da aura de
libertino. "Conheci Oswald na Faculdade de Direito do Largo de São
Francisco. Eram só seis ou sete moças no meu grupo, no fim da Segunda
Guerra. Oswald aparecia por lá, mas nós éramos do tempo das virgens.
Éramos todas virgens e tínhamos pavor de Oswald, corríamos dele! Ele era
desatrelado", Lygia brinca.
Atacado ferozmente após uma crítica negativa do romance "Marco Zero",
Antonio Candido se aprofundou no estudo da obra de Oswald e tornou-se
um dos seus mais próximos amigos, no final da vida. "Oswald se
reconciliou com todas as pessoas com que ele brigou, menos o Mário de
Andrade. Porque Oswald não tinha rancor. Ele ofendia as pessoas, e
esquecia. Ficava impressionado porque as pessoas ficavam zangadas! Era
um pouco infantil, sob esse ponto de vista", explica. Protagonista de um
barraco com o provocador-mor do Modernismo, Lêdo Ivo concorda com a
definição: "Eu voltaria a falar com Oswald se ele tivesse morrido mais
tarde. Não deu tempo".
Na velha disputa dos expoentes do Concretismo por um quinhão da glória
póstuma de Oswald de Andrade, sempre se esquece o estudo pioneiro (e, de
longe, mais corajoso) de Antonio Candido, "Estouro e Libertação",
publicado em "Brigada ligeira", ainda em vida do modernista. Quebrou o medo de reavaliar a obra do "gordo Quixote".
Aquele Mário
"O Mário de Andrade é um caso diferente", introduz Antonio Candido. O
parentesco de sua mulher, Gilda de Mello e Souza, com o polígrafo
morador da Rua Lopes Chaves, origina confusões de intimidade. Apesar das
raízes familiares, não tiveram proximidade, apenas um curto período de
benquerença intelectual. "Minha mulher é prima dele, mas tive muito
pouco convívio com o Mário. Encontrei com ele várias vezes na Livraria
Jaraguá. A mãe dele era tia-avó da minha mulher. E minha mulher morou lá
muito tempo. Era estudante. Então, eu ia lá e encontrava vagamente o
Mário. Mas nunca tive uma conversa pessoal aprofundada. Nunca. Eu me
casei, ele morreu um ano e pouco depois", justifica.
"Nós tínhamos relações muito cordiais!", ressalva, para não transparecer
distanciamento. "Ele me estimava muito. Estou contando que, como eu fui
casado com uma prima dele, as pessoas pensam que eu tive muito convívio
com ele. Não tive. Eu tive muito convívio com um inimigo dele, que era
Oswald de Andrade. Do Oswald eu fui padrinho do filho, compadre, depois
de nós termos brigado, de ele ter me chamado de 'mineiro malandro'.
Acabou fazendo as pazes e foi um grande amigo. Ele me queria muito bem".
O esbanjador Oswald contrastava com o monástico Mário de Andrade, de
finanças atrapalhadas. Antonio Candido testemunha: "Mário vivia apertado
de dinheiro. Ele vivia de lições de piano. Depois da Semana de Arte
Moderna, a maior parte das famílias não quis mais aquele maluco em casa.
Ele era muito apertado. O Oswald, não. Terminou muito apertado depois
que ele pôs fora uma fortuna. Mas estava hospedado sempre em um
'Palace'. Aqui e na Europa. O pai dele foi muito rico, dono de um bairro
de São Paulo. Depois, ele perdeu tudo".
Nas memórias do bibliófilo Rubens Borba de Moraes (1899-1986), "Testemunha ocular (recordações)",
livro publicado postumamente pela editora Briquet de Lemos, há um
depoimento sobre a "mão aberta" de Mário. "Ganhava bem, mas gastava tudo
em livros, em quadros, em objetos de arte e folclore. (...) Em bares e
restaurantes era desses que puxam a carteira em primeiro lugar. Quando
morou no Rio e viveu numa roda de jovens literatos e de boêmios, pagava
as despesas. Queixou-se a mim, estava farto dessa exploração carioca e
nortista de um paulista inexperiente", revela Rubens Borba.
Oswald vs. Mário
"A briga de Oswald e Mário é misteriosa. Ninguém saber por quê. Mário
era Mário Moraes de Andrade. Um dia eu perguntei a Oswald por que eles
tinham brigado. Ele me respondeu: 'Questão de Moraes'", sorri Lêdo Ivo
do trocadilho. Borbulhavam ataques pessoais nas colunas jornalísticas.
"No Rio, Oswald ficou dizendo que Mário era homossexual. Que Mário era
mulato e tinha os beiços grandes. Então, eu falei: 'Mas, Oswald, você
que é anarquista, uma pessoa tão libertária, com esses preconceitos
burgueses?'", recorda-se o poeta alagoano.
"O Oswald dizia coisas desagradabilíssimas a respeito dele. Mas passou a
vida querendo fazer as pazes", enfatiza Antonio Candido. "Oswald era
muito volúvel e não tinha rancor. Mário era aquele paulista antigo:
falou, falou, acabou".
Antonio Groucho Marx Candido
"Ele é um grande arremedador de pessoas. Sabe fazer imitações
impagáveis. De todo o mundo: aluno, colega, professor, intelectual,
político. Tem a veia, é uma coisa intuitiva", assegura a professora
Walnice Nogueira Galvão, ex-assistente de Antonio Candido na USP.
Filha do crítico, a designer e editora Ana Luisa Escorel se reanima com o
"temperamento privilegiado" do pai. "Além do constante bom humor,
mantido intacto até hoje, possui recursos de equilíbrio emocional que
lhe permitem enfrentar, com grande integridade e boa dose de sabedoria,
as inevitáveis perdas que permeiam um trajeto longo como tem sido o
dele. Com isso, para nós, filhas, netos e, agora, bisnetos, a
convivência com ele traz uma experiência permanentemente renovada de
tranquilidade e bem estar", acarinha.
Oswald de Andrade e Giuseppe Ungaretti são das suas boas imitações. Ele
confirma o talento: "Eu tenho muita tendência histriônica! Sou um ator
cômico fracassado".
A escrita elegante, em certo sentido comedida no recurso da galhofa, não
reprimiu a defesa do senso de humor na literatura. Gosta do título de
um artigo de Ronald de Carvalho: "O claro riso dos modernos". Imagem
perfeita. Em 1992, no ensaio "Os dois Oswalds", Antonio Candido
sustentou que "uma das grandes lições do nosso Modernismo foi papel
profilático, regenerador e humanizador do humorismo". "Na literatura
brasileira dos nossos dias há notória e lamentável decadência do humor,
que agora só é cultivado pelos humoristas propriamente ditos, deixando
de ser a brilhante senha que foi para tantos escritores avançados do
período do entre as duas guerras", ponderou o admirador de Groucho Marx.
Numa homenagem ao ex-companheiro de "Clima", nos anos 1990, o crítico
teatral Décio de Almeida Prado destacou-lhe a "pena da galhofa",
referindo-se ao manifesto "O grouchismo" e ao espírito de molecagem. Em
1979, Antonio Candido enviou ao amigo uma biografia do ator Rodolfo
Valentino (1895-1926), acompanhada de uma carta (póstuma) do "Sheik" do
cinema mudo, num italiano de fazer salivar o cronista paulista Juó
Bananère. Ao fim, assinava-se Rodolfo Alfonso Raffaello Piero Filiberto
Guglielmi di Valentina D'Antonguolla, o nome completo de Valentino - e
punha um PS: "Il Barone fu ferito, però migliora".
"Fora do tempo"
Aos 90 anos, Antonio Candido está na Faculdade de Direito do Largo do
São Francisco, onde recebe o Troféu de Juca Pato de Intelectual do Ano
de 2007, em 20 de agosto de 2008. "Uma das inteligências mais completas
e influentes da cultura brasileira contemporânea", celebra a União
Brasileira de Escritores (UBE). No auditório, a escritora Lygia Fagundes
Telles, o bibliófilo José Mindlin, o tradutor e ensaísta Boris
Schnaiderman, o presidente da Academia Brasileira de Letras, Cícero
Sandroni, e os professores Davi Arrigucci Jr. e Fábio Konder Comparato.
Num tempo de camuflagens ideológicas, ele não atenua as antigas
convicções socialistas, antes reafirma a militância esquerdista no
Estado Novo. "Afinado com as tendências radicais do momento, assumi
então posições socialistas que não abandonei mais e continuam a nortear
as minhas convicções relativas à necessidade de transformar
profundamente a nossa sociedade desigual e mutiladora", discursou.
Depois da cerimônia, agarra-se ao original do discurso, batido a máquina
e acrescido de pequenas revisões manuais; logo parte para receber os
cumprimentos numa sala lateral. Levanta-se somente para conversar com
Mindlin e Schnaiderman. Por respeito aos mais velhos. Abraçado às folhas
do discurso, abstêmio e cintado no paletó, avisa ao repórter: "Não dou
mais entrevistas, nem leio obras novas. Estou fora do tempo".
Um gesto
A ensaísta Gilda de Mello e Souza (1919-2005), mulher de Antonio
Candido, parece tomar as mãos de Fred Astaire e reproduzir na sintaxe a
leveza dos passos dos musicais, num ensaio dedicado ao dançarino
americano, em "A ideia e o figurado": "Fred Astaire é um dos
poucos gênios artísticos do século XX e foi bom que não fosse bonito,
como Robert Taylor, Clark Gable, Gary Cooper ou Tyrone Power, porque,
sendo como era, manteve-se gesto, gesto puro, graça pura, arte
pura, libertando-se dos cacoetes da mocidade para se tornar na dança um
desenhista, um dançarino gráfico, puro arabesco sem cor".
"Gilda era uma pessoa muito inibida, escrevia pouco, mas o que ela
escreveu, sou suspeito para falar, mas tudo que ela escreveu é
obra-prima", gaba-se Antonio Candido, ao ser questionado sobre o
fascínio da professora por Fred Astaire. "O ensaio é muito bonito como
escrita, não é? Era uma mulher de raríssima, brilhantíssima
inteligência. Uma pessoa encantadora". Abre-se, no rastro da admiração:
"Foi a maior a amiga que eu tive na minha vida".
Antonio Candido, 93 anos
Depois da venda da casa em Poços de Caldas e da entrega de sua
biblioteca particular à Unicamp (mais de 12 mil volumes), Antonio
Candido convive apenas com os clássicos de sua predileção, na residência
em São Paulo: Machado de Assis, Eça de Queiroz, Dostoievski, Tolstói,
Marcel Proust, por aí. Nada mais escreve. "Só revejo prova de livro. É a
vida comum de um aposentado". Para não soar eufêmico, reforça o
autorretrato: "Sou um velho vadio".
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