sábado, 17 de novembro de 2012

Cachaça e surrealismo: a morte aos olhos de Glauber.




"NINGUÉM
ASSISTIU
AO 
FORMIDÁVEL ENTERRO
DE SUA QUIMERA,
SOMENTE
A
INGRATIDÃO
ESSA PANTERA,FOI SUA COMPANHEIRA
     INSEPARÁVEL".




Di Cavalcanti, Samba - 1925.



 "Filmar meu amigo Di morto é um
ato de humor modernista-surrealista". G. R.

FICHA TÉCNICA
 
Não-ficção, curta-metragem, 35mm, colorido, 480 metros, 18 minutos. Rio de Janeiro, 1977. Companhia produtora: Embrafilme; Distribuição: Embrafilme; 1a exibição: 11 de março de 1977, Cinemateca do MAM, Rio de Janeiro





segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Notas sobre a entrevista com Robert Darnton promovida pelo programa Roda Viva.



 









 Boa notícia para os historiadores! Pelo menos, segundo as informações do historiador e atual presidente da biblioteca de Harvard, Robert Darnton, em entrevista cedida ao programa Roda Viva neste último dia 24 de Setembro, em abril de 2013 teremos novidades. Trata-se do projeto da Biblioteca Pública Digital dos Estados Unidos. A respeito do acervo, só Harvard irá disponibilizar 17 milhões de obras, sem contar as outras importantes bibliotecas do país que estão envolvidas. Entre vários dados apresentados na entrevista, o que mais chamou atenção, foi o investimento atual de Harvard em aquisições de livros anualmente: nada mais, nada menos, que 40 milhões de dólares por ano. Certamente, isso significa um pouco mais em termos de obras do que os 40 mil livros comprados na última gestão pela biblioteca universitária da UFSC[1]. (mas vamos lá, não podemos ser tão cruéis, ainda que às vezes seja nosso dever).


sábado, 22 de setembro de 2012

O rei das pequenices.

"- Que lugar a poesia ocupa em sua vida?
- Todos os lugares. Não sei fazer mais nada. Quer dizer, sei abrir porta, puxar válvula, apontar lápis, comprar pão às seis da tarde. Essas coisas".

O descobridor do inútil ou a inutilidade vista com função humanizadora. Manoel de Barros, ou Manoel Wenceslau Leite de Barros, ou Nequinho, é hoje um "vagabundo profissional", como ele mesmo gosta de se intitular. Segundo o irmão é um poeta em tempo integral, caso raro nos dias hoje onde nem a eva come a maçã, nem a maçã come a eva, por falta de tempo. Confiram.


domingo, 9 de setembro de 2012

O contador de memórias.

O espaço hoje é destinado ao menino do engenho. José Lins do Rego nasceu no interior da Paraíba em 1901. Com a perda da mãe, foi morar com o avô, situação qual vai conviver com o mundo do engenho, conhecendo de perto as contradições inseridas naquele contexto. Posteriormente, tendo ao lado pessoas como Gilberto Freyre e Graciliano Ramos, desenvolve uma visão muito particular na sua obra. Há quem diga que ao lado de Raquel de Queiroz e o próprio mestre Graça encampou uma face do modernismo brasileiro que se distancia em muito da Semana de Arte Moderna de 22 e do grupo de São Paulo. Enfim, assinou seu nome no livro dos grandes literatos do Brasil.

Na sequência um documentário sobre o José Lins. Produzido pela TV Senado, Ministério da Educação e disponível em domínio público.




domingo, 5 de agosto de 2012

Desta vez, um olhar no recente.

 Explorando a formação de um jovem a deriva no passado mas em porto, aparentemente, seguro no presente, uma entrevista realizada pela "paiol literário", Jornal Rascunho do Gazeta do Povo com o escritor Daniel Galera. Nascido em São Paulo, criado em Porto Alegre, Daniel leva a mão dos leitores obras excelentes para esquecer as tardes de um sábado chuvoso ou de um domingo, com silêncio após a louça lavada. Sua trajetória começou com o lançamento de Dentes Guardados (2001), seguiu com Até o dia em que o cão morreu (2003), Mãos de Cavalo (2006), Cordilheira (2008) e mais recentemente com Cachalote (2010).






sexta-feira, 13 de julho de 2012

Para muitos, o inverno é o céu.


 

Vidas Secas é uma enchente.  O livro de Graciliano, publicado na íntegra em 1939, foi objeto de um trabalho que elaborei recentemente para um tópico de História e Literatura. Analisar o livro no seu contexto, o contexto do texto, essas coisas que deixam a gente profundamente angustiados é temperado de modo muito particular quando se trata das obras do velho Graça. Desta feita, compartilho, muito tardiamente é verdade, um pouco do esforço que fiz para encontrar saídas deste imbróglio. Bom, são apenas hipóteses de leitura da história de Fabiano, Sinhá Vitória, os meninos e a cachorra Baleia.






domingo, 10 de junho de 2012

O dia em que a vadiagem virou direito por Justiça.


Antonio Candido proclama, volta e meia, que não participa mais publicamente do mundo: não faz observações sobre política, nem lê obras contemporâneas, por exemplo.  Quem perde, claro, é o mundo.

Nada mais escreve. "Só revejo prova de livro. É a vida comum de um aposentado". Para não soar eufêmico, reforça o autorretrato: "Sou um velho vadio". 

Nada mais justo.
E na arte de reproduzir, não basta ter má fé.

Reproduzo hoje uma matéria excelente! De Claudio Leal para a Terra Magazine sobre o professor. Aliás, a quem eu devo, por obrigação moral, reservar um espaço maior aqui neste feudo. Em breve!


sexta-feira, 8 de junho de 2012

Insisto em Desgraciliar: Relatos da Sequidão.

Não resmunguem.

Graciliano passou pelo Senado. Talvez não concordasse com ninguém por lá, de fato. Reclamaria do ambiente e iria sentar lá fora, cruzar as pernas, fumar um Selma pensando: ''inútil". Sem achincalhe. Mesmo assim, Virgílio (PSDB), Suplicy (PT) e Renan Calheiros (PMDB), tomaram a  palavra pra falar do homem. Aliás, palavra, que foi meio, meio que o preso, viajante, meio calvo e ateu se expressou.
                                                                                                                                                        
                                                                           Na foto: Portinari recebendo, aos aplausos de Graciliano Ramos e colegas, Carnê de membro do PCB das mãos de Luis Carlos Prestes. 1946

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Brasil: amendoins e modernismo.

Resolvi escrever.

Andarilhando sobre a produção literária, tomando nota de algumas desavenças públicas e fugindo da universidade. Não, não quero tomar o cargo de ninguém, muito menos me especializar.


quarta-feira, 23 de maio de 2012

''Arte é sangue, é carne. Além disso não há nada''.


      Aproveitando o tópico anterior vou compartilhar outro texto, pensando naquelas mesmas questões. Dênis Moraes discute, além da trajetória do escritor, envolvendo política e literatura, alguns dados que nos dão pistas para compreender a questão da contradição de boa parte dos intelectuais de esquerda no Brasil que participaram, de alguma forma, da imprensa do Estado Novo, seja publicando em revistas ou jornais. Confiram!

domingo, 20 de maio de 2012

Graciliano Ramos: por Antônio Candido e João Luiz Lafetá.


Graciliano Ramos, eis o homem. Lá de Quebrangulo, interior de Alagoas, Filho de Sebastião e Maria, brasileiro, interiorano, casou-se duas vezes e teve sete filhos. Com seu próprio punho, com 56 anos escreve, entre outras coisas que usa sapato 41, tem horror às pessoas que falam alto, não gosta de frutas nem de doces, não gosta de vizinhos e é indiferente à música, fuma três maços de cigarro por dia.

Um lageano nos bastidores do séc. XX.

    Uma surpresa. Já havia escutado seu nome, sobrenome principalmente. Sua obra, O continente das Lagens um verdadeiro texto-monstro, uma obra fetiche para historiadores. Estou falando de Licurgo Ramos da Costa, lageano que conheceu pessoalmente Getúlio Vargas, Mussolini, Salazar, Roosevelt, Juscelino, Jorge Luiz Borges, entre outros, quase entrevistou Hitler, trabalhou nas vísceras do Governo Vargas, especificamente no Estado Novo, esteve diante de Frida Khalo, Diego Rivera, chefes de Estado, artistas, governos controversos e passageiros.        
      Conheceu o Rio de Janeiro na sua Belle Époque, conversou com Ruy Barbosa, Pedro Calmon, enfim. Tive essas notícias e fiquei surpreso diante da empreitada desse senhor, que tento ao máximo aqui evitar o julgamento, embora já tenha feito uma apresentação aos moldes de um bajulador, tenho difículdades de me conter diante de alguns valores, digamos, saudosos demais e bem questionáveis. Ainda assim faço força para não misturar alhos com bugalhos, moral com literatura, deixo o encargo para a paróquia.
    Na sequência, reproduzo uma entrevista realizada pelo jornal A Notícia, na figura do jornalista Apolinário Ternes, que foi onde tive gosto de saber mais sobre o escritor, jornalista,  meu conterrâneo, Licurgo. Inauguro assim, uma série, que esporadicamente vou nutrir, a partir de entrevistas, trechos biográficos, textos diversos, de personagens que me chamaram atenção enquanto fujo da vida acadêmica, perseguidora aliás, e mais: principalmente os caminhos que estes trilharam, os livros que leram, que é o que mais me chama atenção, particularmente - sou um invejoso das leituras e bibliotecas alheias.




''Sobretudo, aproveitemos a ocasião, que é única; deixemos hoje as unturas do estilo; demos a engomar os punhos literários; falemos à fresca, de paletó branco e chinelas de tapete. Que ele há de levar umas férias para nós outros, beneditinos da história mínima e cavouqueiros da expressão oportuna''.

Trecho de O Ofício do Cronista
Machado de Assis - 1878.